segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Resultado correcto, resolução errada?

De vez em quando acontece chegar-me um aluno com um resultado "caído do ceu", ou que com raciocínios errados, chegou ao resultado correcto. Portanto, faço sempre questão de explicar o porquê das coisas, e que me expliquem o que andaram a fazer.

De vez em quando aparecem-me alunos com resoluções correctas classificadas como erradas. O raciocinio do aluno não foi percebido pelo colega que classificou o teste, e porque o aluno também não se deu ao trabalho de o expor claramente.
Também já vi "essa resolucão esta diferente da minha, logo so pode estar errada, isso de dar o mesmo resultado é só por coincidencia".
Em Matemática, raramente existem resoluções únicas. Por não terem ocorrido outras, não significa que não existam (a menos que se consiga de alguma forma provar que não existam outras).
Se uma resolução está errada, ha que encontrar e justificar o erro, ou o aluno arrisca-se a repetir.


E quando um aluno usou uma resolução minha, que eu sei que está correcta e foi classificado de errado?
A primeira coisa que faço é ver o que se passou. Se o aluno usou a resolução exactamente como a apresentei (por exemplo em problemas de probabilidades, variáveis aleatórias mal identificadas dão origem a este tipo de confusão), ou se mecanizou um método em vez de perceber um raciocínio. 
Se usou uma resolução 100% minha (se eu a dei, tenho a certeza que está correcta, tal  como, quando sei que me engano, sou o primeiro a corrigire numa aula foi marcada como mal, sem identificar correctamente o erro, bem, eu tenho a filosofia "quem dá a nota manda", mas não significa que eu esteja errado.
O que fica para mim claro é que o professor não percebeu ou não se deu ao trabalho de tentar perceber uma resolução diferente da sua... e isso diz-me qualquer coisa sobre ele/a.
(Em particular pode sugerir-me que não é a pessoa indicada para o cargo... )

Há uns anos, apareceu-me um aluno que até tinha raciocinios correctos, mas mostrou-me fotos do seu teste, classificado com erros. Precisava só de passar aquela cadeira para ter o título.
Até ter feito esse teste não tinha sido meu aluno, portanto, não fui eu a lhe ensinar aquilo.
Podia ter acontecido o aluno usar matéria fora do programa (aprendido num video youtube ou com    outro colega)
Mas não, depois    de filtradas todas as hipoteses percebi que o aluno apenas raciocinou, recorrendo apenas à matéria que aprendeu.
Uma vez que eu não encontrava erro nenhum, sugeri-lhe que insistisse com a professora. Se está errado, ele tinha de saber onde havia falha de raciocínio.
Em vez disso, o aluno recebeu uma resolução com erros (tinha algumas falácias a meio).
E fiquei a olhar para aquilo como um burro a olhar para um palácio.
Incrédulo perguntei se aquilo tinha vindo mesmo de um professor.
Ele mostrou-me o email...
(Eu confirmei que tinha saído do servidor da faculdade...)
O aluno não era burro. Percebeu o que se passava com a resolução do exercício que tinha recebido.
Voltou a tentar conversar com a professora mas não estava a chegar a lado nenhum.
Eu olhei    para a restante matéria e tentei  ver se era possível conseguir que ele percebesse os outros capitulos, mas a falta de bases tornava o problema bem complicado.
A certa altura eu disse-lhe: "Temos de ser praticos. Queres ter razão ou passar a cadeira?
Vamos fazer como esta ali."
E na avaliação seguinte, voltou a vir uma questão semelhante. O aluno fez como lhe enviaram, mesmo com as falhas de raciocínio e teve a questão classificada como  100%  correcta.
(Mandou-me foto do teste)


Este foi    claramente um dos casos "esta diferente    do meu, logo está errado"...

E isto numa disciplina de Matemática... no ensino superior.
Boas férias...