domingo, 25 de julho de 2021

Matemática ... de biblioteca


 É frequente eu receber emails de colegas/pessoas que trabalham em Matemática sobre textos que escrevi no meu blog "Zonα exaCt4".

Muitos desses textos incluem um "eu não conhecia" essa propriedade, ou demonstração...ou o que for.

Bem, se notarem, são raros os textos que incluem bibliografia.

É porque ... não é suposto conhecer.

O blog inclui formas que me ocorreram de chegar a resultados. Não os consultei em lado nenhum.
(por isso nem garanto que as provas que apresento sejam as melhores )

A verdadeira Matemática inclui a arte de resolver problemas, e ali o que eu muitas vezes faço, é pegar em problemas que já foram resolvidos e repensá-los. Não porque eu esteja interessado em reinventar a roda.
Por exemplo, já me aconteceu algumas vezes precisar de um resultado, mas não o sabia de cor, e numa mesa, num café, num guardanapo ou numa rascunho deduzi a fórmula. Resolvi um problema.

Naquele blog nem sempre apresento o contexto em que me apareceu o problema, ou porque aquele problema me interessou, simplesmente apresento o  problema/assunto, um tratamento, e fica catalogado.

Eu tenho alguns cadernos que não estão encadernados, estão numa pilha de folhas, ou metidos numa capa de argolas, porque eu de vez em quando junto algumas folhas coloridas com demonstrações/ provas que não faziam parte do texto original.

Alguns já estão encadernados porque não tenciono voltar a tocar neles, mas mesmo assim, deixei algumas páginas vazias no fim, para se um dia mais tarde me apetecer dizer mais alguma coisa sobre o assunto.
E garanto-vos que já aconteceu.

Quem não me conhece, e não compreende o que eu faço e vê-me a andar com algumas folhas ainda pensa que tenho a cabeça desorganizada... (Se há uma constante não matemática no universo, é a estupidez humana)

Não é suposto conhecerem toda a Matemática. Espero é que tenham a capacidade de chegar lá. 
Matemática não é nem nunca foi uma pilha de conhecimentos para se usar.
Matemática inclui a capacidade de (re)fazer deduções sem ser de memória. Mesmo que alguém já o tenha feito há milhares de anos.
Não é perder tempo. É dar uso ao cérebro.

Dá-me muitos calafrios aquelas disciplinas de ensino superior em que os alunos apenas mecanizam e usam coisas sem as compreender, onde nem sequer se faz uma única demonstração, onde os professores apenas despejam regras (e acabo a compreender muitos dos pedidos de explicações que me chegam... tenho de colocar qualquer coisa a colar o conjunto de receitas).

Isso é uma versão muito distorcida da Matemática.

Um conjunto de regras que se pode consultar, numa biblioteca e usar.

Se perguntarem para que é que serve, e quiserem mesmo responder, podem dizer "para garantir que o meu cérebro ainda funciona".

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