domingo, 18 de julho de 2021

Matemática Tabu

Como toda a gente deve saber, há Matemática correcta, rigorososa, 100% legítima, que não é permitida nas avaliações dos diferentes graus de ensino.
Pode-se com isso querer que os alunos que tiveram acesso a um explicador não fiquem em vantagem em relação aos que não tiveram, e apenas têm o professor na sala de aula.
Mas e os casos como o de um aluno que recorreu a um livro do secundário dos anos 90, aprendeu e utilizou a fórmula da distância de um ponto a um plano, para depois ver a sua resposta correcta classificada com um zero?
Ou num livro mais antigo, aprendeu a regra de Cauchy que permite calcular vários limites sem andar a fazer muitos malabarismos.

Muita desta 'Matemática proibida' já andou nos programas oficiais do ensino secundário!

Os nossos alunos que entram nas olimpíadas de Matemática aprendem coisas que não podem usar nas avaliações do ensino oficial.

O problema não é novo.
Será legítimo proibir o uso de um conhecimento correcto porque se revoga um programa?

Que mensagem estamos a transmitir? Estamos a criar barreiras nas mentes das pessoas.  A remover caminhos mais curtos, cuja justificação nem é complicada.

Por outro lado, TODOS OS ANOS vejo/via alunos a quem era dada a fórmula resolvente sem lhes explicarem porque é que a fórmula funciona.
Alunos que desconhecem que substituindo os resultados da fórmula na equação original, obtêm uma proposição verdadeira.
Esperem... tenho de escrever isto melhor. Eles nem sabem o que é uma proposição. Pronto, vamos supor que ali atrás, escrevi 'afirmação' em vez de proposição.

Quem diz a fórmula resolvente, diz a Regra de Ruffini.
Ou mesmo o teorema de Pitágoras que de vez em quando vejo a ser usado incorrectamente, por alunos que chegaram ao ensino secundário.

De vez em quando aparecem uns anormais na comunicação social e nas redes sociais a dizer que este teorema não serve para nada porque não usam no dia-a-dia, e  ainda aparecem outros a defender o teorema com argumentos... errados!!!

Portanto, dar uma ferramenta às pessoas sem fundamentar ou sem dar instruções correctas também é péssima ideia.

Ficar com os conhecimentos correctos que estão no programa, já é complicado.
Ficar com conhecimentos correctos, estejam ou não no programa devia ser aplaudido, e não castigado.
Vamos MESMO castigar uma pessoa por ter aprendido mais?
Não precisamos dessas pessoas?
Estamos em pandemia COVID-19.
Não daria jeito haver quem soubesse mais sobre este tipo de vírus?

Por uma questão de princípio, eu não ensino nada aos alunos que os possa prejudicar em avaliações, mas esta cultura da ignorância incomoda-me.

No meu blog "zona exaCt4", estou-me um bocado nas tintas para isso e uso o que me apetece, sem  estar preocupado se aprenderam anteriormente alguma coisa ou não. Ali, não há Matemática tabu.

Agora, e se eu vos disser que o inverso também ocorre? Podemos saber 'tudo' o que nos ensinaram e sermos penalizados por não saber o suficiente.
 
Em 2006 concorri para um mestrado em Matemática na faculdade de ciências da universidade de Lisboa (fcul).
 Antes de concorrer certifiquei-me que satisfazia pré-requisitos, cosultei site, programas... entreguei o meu CV, certificado de habilitações, falei com eles ao telefone.
 Tudo ok, para garantir que não me metia em algo que não conseguia fazer
Numa cadeira (supostamente de Matemática) tive uma professora que simplesmente nos bombardeava com trabalhos (que vim a perceber mais tarde que os lia por alto, ao ser confrontado com algumas observações bem ridículas).
 A certa altura, pus algumas dúvidas... e a resposta que tive foi: "você deu isso na cadeira tal". E não me tirou dúvida nenhuma!
Isso começou a passar-se várias vezes e as tais cadeiras, não só não constavam do meu certificado de habilitações, como nem sequer na fcul se faziam parte do programa do curso de Matemática há décadas
O mestrado era para alunos de Matemática, e algumas dessas referidas cadeiras, eram de Física, e nem estavam disponíveis como opções...desde os anos 80.
Éramos só dois alunos. E estávamos a ser vigarizados!!!
Eu expus a situação à coordenadora de mestrado que, em vez de resolver seja lá o que for, me mandou mudar de área(!!!).
[
Mulher incompetente, nunca me resolveu coisa nenhuma... está bloqueada nas minhas redes sociais e até há um filtro no meu email para apagar tudo o que venha daqueles lados]
Deixei de entregar trabalhos, com a justificação 'tenho outras cadeiras'.

(Eu posso contar outros episódios como a vez em que estive com problemas de saúde e fui acusado de ir passar férias à Madeira...mas saem de contexto)

Portanto... também se é penalizado por não sabermos o que não temos obrigação de saber.

Só acontece em 
Matemática? Não! Sabe que pode ir preso por desconhecer a lei não sabe?
Mas não a ensinam na escolaridade obrigatória!

O ensino e avaliação de Matemática têm de ser bem repensados.
(E não só Matemática... )

Não é com 'Matemática proibida' que vamos lá.





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