Eu tenho o "Astérix na Lusitânia" mas não é dele que vou falar.
Vou contar algo do século passado, que teve algumas repercursões no século XXI...
Quando eu ainda tinha 12 anos, era aluno na "Escola Secundária do Funchal". No 7° ano, tinha um daqueles horários bem estúpidos e um daqueles passes que só me permitia fazer duas viagens por dia.
Pior do que isso tinha colegas de turma de 17 anos, os bullys típicos de filmes. O meu local de refúgio de bullys era a biblioteca. Acabei a ler praticamente tudo o que era banda desenhada de Astérix. Não tenho propriamente boa recordações desse ano... A directora de turma era autoritária, professora de inglês, e o professor de Educação Física, um imbecil, no sentido usual da palavra, o único professor que na vida me deu negativa a Educação Física, e protegia os bullies.
Acho que a melhor recordação desse ano ainda é a professora de Matemática, a professora Aldina Marado, que provavelmente nem se lembra de mim, mas está no meu facebook, e como todos os anteriores... me deu 5 a Matemática (nota máxima).
Um dos muitos livros que li – e acabei a comprar depois da licenciatura – foi o primeiro onde aparece Ideiafix, "A volta à Gália"
Um dia durante uma aula a professora de Inglês perguntou-nos qual a nacionalidade de Astérix.
Eu respondi 'gaulês'. Fui corrigido(!)
"Os gauleses vivem em Gaula, Astérix era galês, do país de Gales." (Gaula é uma freguesia do concelho de Santa Cruz na Ilha da Madeira)
Momento WTF...
Bem... todos os livros do Astérix traziam no cabeçalho "VMA AVENTVRA DE ASTERIX O GAVLÊS" – Confirmem na foto, ou vejam os livros de quando eram publicados pela Meribérica.
As histórias começavam e começam com "Estamos no ano 50 antes de Cristo, toda a Gália está ocupada pelos romanos. Toda? Não...."
O próprio livro da disciplina de História de 7° ano quando falava do império Romano fazia questão de sublinhar "não, não havia uma aldeia a resistir ao invasor".
Curioso que nesse ano, tinhamos francês pela primeira vez, e mapas de França, não faltavam a ninguém... A capa do "a volta à Gália", mostra, sem sombra de dúvida que a Gália é (aproximadamente), a França.
Praticamente todas as histórias do tempo de Goscinni e Uderzo começam com um mapa da Gália com uma lupa a mostrar a aldeia gaulesa.
Mas ninguém se atreveu a corrigir a mulher! (Sim, aquele ano foi particularmente mau).
Expliquei em particular a situacão com os bullies à minha mãe, que levou a situação à directora de turma, que, anedoticamente mais uma vez defendeu o que não tem defesa (!) Eu acabei a conseguir mudar de turma... mas não nesse ano.
Quatro anos depois, eu era aluno na Escola Secundária Francisco Franco. O professor de Filosofia levou-nos, numa visita de estudo, a um Julgamento, de um assassinato.
Um dos meus ex-colegas mais velhos do 7° ano estava sentado como testemunha.
Eu acenei-lhe, o tipo riu-se e cumprimentou-me com o polegar (!) . Os meus colegas olharam para mim. O professor de Filosofia ficou meio escandalizado mas não fez perguntas.
Quanto ao professor de educação física desse 7° ano... Dez anos depois, quando eu dava aulas na universidade da Madeira, fui nomeado representante do departamento de Matemática no Conselho de curso de "Educação Física e Desporto". Adivinhem quem era o presidente do conselho de curso.
[Aquela universidade de facto... 'teve pontaria'.]
Hoje em dia classifico o homem de carreirista sem escrúpulos (mantenho o "imbecil", e como fiquei 3 anos naquela escola, posso contar mais algumas coisas, testemunhadas por mim, portanto, na primeira pessoa ).
Durante a pandemia Covid-19 um dos artigos de opinião que ele escreveu para o diário de notícias irritou-me particularmente. Fiz questão de o bloquear no Facebook, e deixei de ler o DN Madeira durante anos.
Do meu 7° ano, as melhores recordações ainda são a professora de Matemática... e as aventuras de Astérix o Gaulês (da Gália!)
Update:
- (22/11/2025) Foram feitas algumas correcções gramaticais e ortográficas ao texto 12 horas após a publicação original. Escrever no smartphone ainda não é o meu forte.









