sábado, 6 de dezembro de 2025

A navalha de Occam

O filme Contacto de 1997 introduziu-me à "Navalha de Occam". Uma heurística que supostamente diz que a explicação mais simples para um acontecimento tende a ser a verdadeira.

O próprio filme mostra que a versão de uma história verdadeira da Dra Ellie Arroway (spoiler inofensivo) não passa por esta heurística e seria 'cortada fora'.

De facto a minha vida acabou a mostrar-me que na verdade, a explicação mais simples raramente é a verdadeira. Raramente não é nunca. 

Por exemplo, quando em 1998/1999 um imbecil (não vou pedir desculpa por contar a verdade, o homem é um imbecil, e merece designações piores que ficariam censuradas) decide que completámos espaços métricos em Análise Funcional quando não o fizemos, sem sequer consultar os nossos cadernos (eu ainda tenho o meu caderno e cópias dos de ex-colegas... posso provar que não minto)  a explicação mais simples seria "não se lembram". Que é falsa. Os cadernos provam.

Ou em 2006/2007 na fcul quando eu digo "os programas dessas cadeiras não correspondem aos que me foram apresentados aquando da candidatura". A explicação "mais simples" mais uma vez é falsa ("sabes lá..."). A verdade é que sendo eu madeirense passei dias a analisar programas antes de sequer pensar em concorrer,  visto aquilo ficar fora da minha zona de residência, já ter lidado com vigaristas, e por isso sei muito bem do que falo.
Mais grave ainda foi a questão do alojamento em que a coordenação do mestrado me deu uma informação gravemente errada, e me pôs em péssimos lençóis.

Ou quando nesse ano lectivo recebi um trabalho, classificado, em que percebi que a nota foi dada mas o trabalho nem foi lido (! o ensino alegadamente superior português na altura tinha muito que se diga !).
Explicação mais simples: aluno descontente com a nota.
Explicação verdadeira: de facto a mulher não corrigiu o trabalho, porque por motivos a que ainda hoje sou alheio, não ia com a minha cara e numa posição prepotente só deu nota.
Foi apanhada ao comentar o meu trabalho e a contradizer o que lá estava escrito (a mulher 'esticou-se' muitas vezes). Lá a confrontei e obriguei a voltar a corrigir o trabalho, que obviamente, foi corrigido com  má vontade e a mulher encarregou-se de tentar envenenar os outros professores contra mim. (Posso justificar esta afirmação, mas não o vou fazer aqui).

A navalha de Occam...afinal, está "a ser usada" para impor "a verdade mais conveniente" e mascarar incompetência e corrupção.  Por outras palavras: "a verdade não interessa" se não for conveniente.


Sendo eu matemático, fiquei com uma dúvida. Há forma de converter a navalha de Occam em Teorema? E se sim, em que condições é válido?

Bem... Sim, é possível. E nos casos referidos anteriormente, foi um teorema muito mal aplicado: os casos não estão nas condições em que o teorema é válido. Em particular requer uma homogeneidade de condições probabilísticas que não se verificou. 

Aliás, isto também se pode dizer de outra forma: é estúpido julgar sem conhecer ou sem ter estado nas mesmas condições, pois conduz a conclusões erradas.

Quanto à Matemática da Navalha de Occam, é um assunto giro para um dos meus outros blogs.

 [Num dia em que as dores estejam simpáticas]


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